sexta-feira, 29 de maio de 2009

Os meus meninos

Ser professora é para mim uma profissão e não apenas um emprego, diria mesmo que é uma missão. É verdade que cada vez é mais difícil ser professora, as gerações vão mudando, a sociedade atravessa uma grande crise de valores e tudo isso se reflecte na escola. Alguns governantes ajudam a tornar esta profissão mal amada - parece que, de repente, todas as desgraças do país são culpa dos professores. Muito mais haveria a dizer sobre esta profissão que abracei e que, apesar tudo, amo. É verdade que tem momentos muito duros, mas também tem outros muito compensadores. Neste momento, vivo uma dessas fases compensadoras.
Dou aulas numa Escola Profissional, uma Escola da qual vesti a camisola e de que tenho muito orgulho. Por lá, acompanhamos os nossos meninos durante os três anos do secundário. Chamamos-lhe meninos quer tenham 15, 16, 20 ou até 24 anos! Fazem asneiras, traquinices, faltam, desafiam-nos, provocam... mas também agradecem, riem connosco, ensinam-nos muito, convivem connosco... têm saudades nossas! (estou de baixa há uma semana por razões de saúde e os alunos aparecem-me na internet a perguntar como estou, quando volto e a dizerem que têm saudades :)).
São estes os "meus meninos"! A cada ciclo que se fecha, e este ano fechar-se-á o ciclo de duas das minhas turmas, é como se um bocadinho de nós fosse com eles. Custa, um pouco como se abandonassem o ninho. Mas têm que voar e podem sempre voltar. Muitos voltam a esta família, para visitar, para pedir ajuda, para beberem connosco um café, até há os que voltam... como nossos colegas, para darem aulas!
Nem todos deixam saudades, também é verdade, como em todas as circunstâncias da vida em que encontramos pessoas com quem nos damos melhor ou pior. Alguns são terríveis na sala de aula, mas excelentes pessoas fora dela. Outros são excelentes alunos, mas pessoas menos interessantes. São assim como qualquer outra família, como se fossem uma micro-sociedade, na certeza porém que, naquela Escola, nós professores damos muito de nós (se damos!), às vezes alguns de nós dão até demais, mas os nossos meninos também nos dão muito. Tenho aprendido muito com os meus meninos!
É aos meus meninos que dedico este texto e, já agora, portem-se bem e espero voltar em breve!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Recordar... é mesmo viver!


Ao navegar pela blogoesfera, descobri o blog "Há vida em Marta" (http://havidaemmarta.blogspot.com), de que gostei, diga-se de passagem, e dei com uma espécie de desafio a que a Marta respondeu, recordando as 15 séries televisivas que lhe vieram à memória - a imagem que as ilustram é a do saudoso "Verão Azul". Assim, apeteceu-me escrever sobre algumas recordações, não apenas de séries televisivas, mas de outras coisas que fazem parte da memória colectiva da minha geração.
O "Verão Azul" era provavelmente a minha série preferida, o que eu chorei quando queriam tirar (já não sei bem) o barco ao Chanquete ("del barco de Chanquete no nos moverán") e quando ele morreu! Mas também a série e os livros de "Os Cinco", "Uma Casa na Pradaria", os desenhos animados da Pantera Cor-de-Rosa e da Candy, o anúncio dos cornetos da Olá, as bombocas (como eram boas na altura, em que a minha tia me comprava uma quando ia com ela ao café ; anos mais tarde voltei a provar e não achei graça nenhuma), o "Fungagá da Bicharada", "Sobe, sobe, balão sobe", "Trocas e Baldrocas" (que eu sabia de cor e brincava na rua ao Festival da Canção com as minhas amigas)... Tantas recordações boas! Brincavamos na rua, andavamos de bicicleta, jogavamos à "ciruma" e ao elástico, vestiamos roupas coloridas (colans verdes ou vermelhos e camisolas compridas com cinto :) ). Ouviamos também os Wham (do George Michael), os A-HA, viamos o "Dirty Dancing" e a "Lagoa Azul"... Bons velhos tempos!
Obrigada, Marta, pelas recordações que me despertaste!

sábado, 23 de maio de 2009

Sorrisos


Haverá alguma coisa mais bonita e tranquilizante do que o sorriso de uma criança? Um ser indefeso, doce e terno, que ri com a mesma facilidade e sinceridade com que chora. Falo de uma criança feliz, uma criança que tenha saúde, alimento, protecção e amor.
Por muito que o dia possa ter sido difícil, ou que a vida pareça cinzenta, pegar numa criança ao colo e vê-la sorrir dá cor a tudo à nossa volta. Como se tudo de mau se desvanecesse e um arco-íris tomasse conta de nós. Pena é que nem todas as crianças possam ter este direito, sendo antes um privilégio de algumas...
Mas os sorrisos são fundamentais, das crianças e de todos nós. Eu sou daqueles que acreditam que, se sorrirmos à vida, ela sorrir-nos-á de volta. Boas energias atraem boas energias. Claro que é muito mais fácil sorrir se, ao levantarmo-nos pela manhã, dermos com um bonito dia de sol e um céu bem azul, mas, mesmo com um dia cinzento e chuvoso, o dia correr-nos-á muito melhor se tentarmos um sorriso.
É assim que procuro viver, com um sorriso nos lábios, custa-me viver de outra forma, acho até que não saberia fazê-lo. Claro que me zango, refilo, choro (e às vezes com a mesma facilidade com que rio), mas volto sempre ao sorriso... é a minha maneira de estar bem comigo própria e com os outros.
Como alguém disse um dia "Mais triste do que um sorriso triste, é a tristeza de não saber sorrir".

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Escrever...

"Escrever. Porque escrevo? Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua sedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de serem. E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer, por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão."

Vergílio Ferreira, in 'Pensar'



Tomo a liberdade de fazer minhas as palavras do grande Vergílio Ferreira, nesta espécie de declaração de intenções, porque... ele di-lo muito melhor do que eu.