segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nascidos no lado errado do mundo...


Vi hoje à noite uma reportagem na TVI que julgo ter sido transmitida pela primeira vez no ano passado - "Filhos do Coração" de Alexandra Borges -, para quem não saiba, o tema central são as crianças escravas do Gana, no Lago Volta. A Fundação Luís Figo colaborou na campanha de resgate de 10 crianças escravas, todas elas escravizadas desde muito pequeninas (4 ou 5 anos), por pescadores da zona, todas doentes à data do resgate. Uma resposta que me impressionou foi a de um dos meninos resgatados que, quando questionado sobre se tinha alguém que se preocupasse com ele, respondeu sem hesitar "Deus"...
Lembrei-me de uma outra reportagem que vi há umas semanas, da Cândida Pinto, já não sei em que canal, sobre as crianças orfãs em Moçambique, que vivem sozinhas porque os pais morreram infectados pelo HIV. Irmãos que vivem sozinhos, quase sem recursos, mas que andam quilómetros para irem à escola, de estômago vazio e em que os mais velhos cuidam dos mais novos. Comem o que conseguem recolher da natureza, têm saudades dos pais, fazem brinquedos com arames e latas velhas e sonham com... uma bola! (tão simples quanto isso!!) Quando um dos irmãos mais velhos foi questionado pela jornalista sobre o que lhes fazia falta, ele hesitou, mas respondeu "Nada."...

Perante isto, dei comigo a pensar que, neste país europeu à beira mar plantado, embora também havendo miséria, somos de certa forma privilegiados, nascemos do lado certo do mundo, as nossas crianças têm mais direito a ser crianças do que as que nasceram no lado errado do mundo…

Porque essas não têm os Direitos consagrados na Declaração dos Direitos da Criança, proclamada em 1959 pela ONU – onde estão os direitos à liberdade, dignidade, alimentação, habitação, assistência médica, protecção e socorro para estes meninos e meninas???? Já para não falar do direito a… brincar?! Tão simples como uma bola!!!

E assim se nasce do lado errado do mundo… Afinal, nem todos nascemos “livres e iguais”…

4 comentários:

MC disse...

Pois é, vi a mesma reportagem e também pensei sobre o assunto... Como poderei explicar às crianças (sim, porque ainda são crianças) com as quais convivo diariamente que têm muita sorte por poderem ter tudo quanto têm, brinquedos e tempo para brincar, carinho e amigos que os escutam, apoiam e ajudam, apesar das dificuldades económicas e familiares que muitos deles passam, mas como explicar também que a escola que tantos hoje desprezam e vandalizam é o principal espaço de acolhimento e de apoio? Como?... Sinto que não sou escutada. Resta-me a influência que possa exercer sobre alguns, e que tentarei mais intensamente exercer sobre o meu próprio filho, para que usufruam melhor e com mais carinho da própria vida, independentemente de todos os bens materiais a que tenham acesso. Afinal esta também é uma missão, não é?
um beijinho para ti!
MC

Maggie disse...

É com certeza uma missão, embora muitas vezes desprezada, mas continuo a acreditar que podemos fazer a diferença... apesar de tudo.

Beijinhos tb para ti, minha amiga!

Helena Teixeira disse...

Olá!
Também vi essa reportagem no ano passado e revi-a este ano.Foi importante essa mostra ao Mundo,para todos verem e tomarem consciência e também para quem quiser,ajude e haja iniciativas como a do Luís Figo,entre outros.
Jocas gordas
Lena

P.S.:
Aproveito e deixo um convite: participe na Blogagem de Dezembro do blogue www.aldeiadaminhavida.blogspot.com
“O tema é: O Natal na minha Terra”
Basta enviar um texto máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 de Dezembro. Participe. Haverá boa convivência e solidariedade!

IsaG disse...

Grande artigo este, sobre questões tão importantes. Fica a questão, aliás abordada no comentário anterior: como fazer ver aos nosso jovens a sorte que têm de terem nascido "neste lado " do mundo? E mais importante ainda, o que fazer e como por aquelas crianças tão maltratadas pelas circunstâncias da vida?