quarta-feira, 10 de junho de 2009

As pequenas coisas da vida...


Há momentos na vida em que somos obrigados a parar e a valorizar as pequenas coisas da vida. Pode acontecer a qualquer um de nós, em qualquer altura. Eu estou numa dessas fases de paragem forçada, por ter feito uma rotura de um ligamento do joelho e, de um momento para o outro, uma coisa aparentemente simples (pensava eu), obrigou-me literalmente a parar a minha actividade profissional e a mim própria.
Durante 20 dias não pude pôr o pé direito no chão, o que significa que, além de ter de andar de canadianas, fiquei com a minha independência e mobilidade bastante reduzidas (já que a agilidade e coordenação necessárias para usar estas "ajudantes" não são o meu forte).
Ora foi nesta situação que me apercebi das dificuldades que, todos os dias, milhões de pessoas passam para fazerem coisas simples como tomar banho, subir escadas (em prédios onde não há elevadores) ou andar em piso acidentado. E se neste país se se decidir, por exemplo, ir almoçar em Lisboa, na zona da Ajuda ou de Alcântara, ou a pessoa sai do carro e encosta-se a algum lado, à espera que vão estacionar, ou o parque fica longe para quem anda só com um pé e duas canadianas. E que dizer do estacionamento do Centro Cultural de Belém que só tem acesso ao Centro em si por umas escadas? Por outro lado, descobri a imensa utilidade das casas de banho para deficientes, com aqueles apoios laterais.
Ontem, ao contrário de muita gente cuja condição é infelizmente permanente, voltei a poder pôr o pé no chão e... os meus músculos tinham-se "esquecido" do que era andar! A pouco e pouco, com os exercícios da fisioterapia, os meus músculos começaram-se a "lembrar-se" e os exercícios vão continuar, até que a minha perna direita volte a "saber andar" e a lesão se recupere. Aí voltarei a ter independência e mobilidade, mas fica comigo esta experiência que me leva a valorizar as pequenas coisas que damos por adquiridas e das quais nos podemos ver privados a qualquer momento, sem pré-aviso.
Afinal, a vida é feita de pequenas coisas... que nos fazem tanta falta!

3 comentários:

Marta disse...

Querida Maggui!!!!

as melhoras! eu tb já passei por isso e sei exactamente o que sentes!

Tb eu, na altura, fiquei a pensar o quanto não valorizamos a nossa mobilidade; o quanto não imaginamos o quanto é difícil deixar de a ter para sempre.

é sempre uma reflexão pertinente!

bjinhos

Cerejinha disse...

E o tempo, meu Deus...e o tempo que demora a curar uma coisa dessas?!?
Nos dias que correm, em que tudo é acelerado e se faz à velocidade da luz, quando nos acontece uma coisa dessas (sim, também já me aconteceu e revejo tudo o que dizes), é que vemos que temos de viver a outro ritmo...

Gostei do teu blog :)

Marisa disse...

é verdade! é um absurdo, como tantas pessoas têm um dificil (ou simplesmente não têm) acesso, a coisas e a sitios que nós normalmente fazemos ou frequentamos, só quando estamos na "pele" dessas pessoas, damos valor a coisas que pareciam banais. Eu tambem já tive umas "ajudantes" dessas, e uma coisa tão simples que eu fazia todos os dias, que era apanhar o autocarro para ir para a escola, tornou-se complicado, já para não falar do cansasso e das dores de braços que temos de andar dias inteiros de um lado para o outro de canadianas. Tudo isto nos faz pensar, como tantas e tantas pessoas andam assim uma vida inteira...