sexta-feira, 30 de julho de 2010

Talento, coragem, humanidade... e um grannnde sorriso!



António Feio era o Tony da "Conversa da Treta", era um actor ímpar, um humorista, um Homem, assim mesmo com H grande, porque era grande como actor e como pessoa, porque tinha uma imensa humanidade.
Recordo a sua mensagem de promoção do filme "Contraluz" que é afinal uma lição de vida:

"Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. (...) Não deixem nada por dizer, nada por fazer"

Até sempre, António Feio, e obrigada! :)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dia dos Avós - obrigada!

O dia dos avós nunca foi um dia especial para mim, porque os meus avós estavam ali, ao meu lado. Um beijo, um abraço, um sorriso, uma zanga, uma teima, estava tudo ali à mão, todos os dias da minha vida. Nasci e cresci com os meus avós maternos sempre por perto. A "casa da avó" era um bocadinho a minha casa. Lá sabia que tinha que contar com as regras e feitio especial do meu avô, mas também com o seu inteligente e peculiar sentido de humor e com a ternura e o sorriso da minha avó, uma daquelas avós-mãe, em cujo coração cabe sempre mais um.

Agora que a minha avó partiu e o meu avô é uma sombra do que foi, este dia torna-se mais triste e doloroso, mas, por outro lado, também feliz, pelo que vivemos juntos, eu, os meus avós e o meu irmão. Com eles descobrimos Lisboa, os museus, os monumentos. Não voltei a visitar o Palácio da Ajuda e o Palácio de Queluz, por exemplo, desde que os visitei com os meus avós. A "sopa de Lisboa" (que a minha avó fazia, sem panela de pressão, quando iamos à casa que tantos e tantos anos tiveram alugada na Graça) tinha um paladar único. Os ovos estrelados da minha avó tinham também um sabor especial. As histórias que o meu avô contava da sua juventude que podiam ser repetidas, mas só ele tinha graça a contar. O seu humor às vezes mordaz, mas ímpar. E tantas outras memórias...

Neste dia dos avós, esta é a homenagem que quero fazer aos meus avós. Estou triste, porque não os tenho comigo, mas feliz porque guardo deles memórias valiosas. Eles fazem parte de mim e há muita coisa no que hoje sou que é também obra deles. Muito obrigada, avó e avô!!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Que seja infinito enquanto dure

Faz hoje 30 anos que partiu Vinicius de Moraes, o "poetinha" como ficou conhecido, ou o branco mais preto do Brasil, como o apresentaram hoje na Antena 1. Um poeta que ficou para sempre associado à música, graças às parcerias que foi fazendo com músicos de renome, como Tom Jobim (quem não se lembra da "Garota de Ipanema"!), Toquinho, Chico Buarque, entre tantos outros.
Terá gozado a vida da melhor maneira que pôde e soube, para o bem e para o (seu) mal.

Foi amado e amou... uma e outra e outra vez... sem desistir. Casou 9 vezes, quem sabe em busca do amor eterno em cada um deles. Foi aliás o poeta do amor, que defendia que a vida era "a arte do encontro".

Sou definitivamente admiradora e apreciadora da obra de Vinicius e até da forma peculiar como viveu e há uma frase que define bem a sua maneira de estar na vida - "que seja infinito enquanto dure" (in "Soneto da Fidelidade").

30 anos após a sua partida, esta é a minha forma de o homenagear pelo amor que deixou em cada uma das suas palavras...

De entre tantos poemas que podia escolher, optei por este...


Soneto da Fidelidade

"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."


Vinicius de Moraes


(imagem in http://sambadobrasil.wordpress.com/2008/05/07/vinicius-de-moraes-na-avenida/)


terça-feira, 6 de julho de 2010

Mesmo felizes precisamos dos outros

"E, sobretudo, lembrem-se do coração de cada um de nós, desta força imensa. E não adiem os vossos gestos. Procurar alguém que sofra, que precise de nós, nem sequer é um gesto generoso, deve ser um gesto natural que se não adia.

Às vezes até precisamos uns dos outros para dizermos que estamos felizes, contentes. Só para isso. Mesmo felizes precisamos dos outros."


Matilde Rosa Araújo (1921-2010) - Conto "Fita Vermelha"