segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ei-los que partem...

Não escrevo aqui desde o ano passado. Esta coisa do facebook rouba tempo aos blogs, é mais imediato, mais instantâneo. Mas hoje tive que aqui vir, para desabafar, para falar do meu país. 
Pois esta noite,  a ver o Repórter TVI, ocorre-me a frase "Ei-los que partem", os jovens do meu país, por não acreditarem neste mesmo país, porque se qualificaram e por cá não vêem futuro. Frases como "comigo já não contam", "tenho 30 anos, sou licenciado e pós-graduado e já nem os call centers aceitam o meu curriculum", deixam-me triste, angustiada, mas, se eu estivesse no lugar deles, sentiria o mesmo, provavelmente.
Depois leio o artigo de Camilo Lourenço, que fala de um optimismo que eu desconhecia, de um país, o meu, o nosso, que tem uma "espectacular capacidade de ajustamento de famílias e empresas, sem par na zona Euro", nas palavras do próprio Camilo Lourenço. E agora, o que hei-de pensar?? Não sei mesmo no que acreditar. 
Eu própria fico feliz pelos meus alunos que partem para melhores oportunidades além fronteiras, e já são alguns, e cada vez pode acontecer mais, mas devia ser uma escolha e não o último recurso, não a solução a que o desespero os leva. 
Afinal, se todos partirem, os qualificados, como fica o meu país???? "Ei-los que partem"...

sábado, 31 de dezembro de 2011

Adeus 2011! Bem-vindo 2012!


E eis que 2011 está a terminar! Bem-vindo 2012, mesmo com todas as previsões catastrofistas, eu acredito que está nas mãos de cada um de nós fazer com que a vida melhore.

Deixo uma frase que li pela web e que considero magistral:

"Admiro a terra, quero-a, sempre gostei dela. Sempre me senti feliz por estar vivo: apesar da guerra, das más notícias, não sou capaz de matar em mim a simples alegria de viver." (Julien Green)

Até para o ano!



sábado, 10 de setembro de 2011

11 de Setembro


Nasci a 11 de Setembro de 1973, em Lisboa, sensivelmente à mesma hora em que no Chile se dava o golpe de Estado que depunha Salvador Allende e Augusto Pinochet se instalava para uma sangrenta ditadura de décadas. Um dia histórico de que, obviamente, não tenho memória.


Em 11 de Setembro de 1985, fiz 12 anos, deve ter sido um dia feliz como sempre foram os meus aniversários, mas foi também o dia do acidente ferroviário em Alcafache. Desse dia recordo o nome do local do acidente, a consternação com que os meus familiares falavam e imagens de comboios destruídos em choque frontal.


Em 11 de Setembro de 2001, por volta da hora do almoço, os meus alunos de duas das minhas turmas tinham acabado de me cantar os parabéns no átrio da Escola. Eu estava feliz. Fiz 28 anos. Fui para a minha sala e vi no telemóvel que tinha recebido um sms da minha madrinha a dizer "28 anos depois novamente um dia tristemente histórico". Não percebi. Uma colega entrou na sala e disse - "estás a ver as Torres Gémeas? o World Trade Center? Destruídos!!!" Pensei "está louca!" Corremos para a televisão do Bar e senti o chão fugir-me debaixo dos pés quando vi as repetidas imagens dos aviões a chocarem com as Torres. Mas as imagens que me arrepiaram e trouxeram as lágrimas aos olhos e o horror à alma foram as das pessoas a atirarem-se das janelas de uma das Torres. Pensei aterrada "E agora???" Tive a certeza de que se seguia a III Guerra Mundial - afinal tinham atingido a super-potência americana.


10 anos depois, estou à beira dos 38 anos e espero sinceramente que o dia do meu aniversário seja um dia feliz, simplesmente um dia feliz, sem catástrofes, históricas ou não.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Boa noite mundo...


Todos sabemos que o mundo atravessa momentos conturbados, sobretudo o mundo ocidental, com crises económicas profundas a que, pelos vistos, nem o gigante EUA parece escapar. Parece que estamos todos endividados e com a corda no pescoço. A velha Europa está enferma e a enfermidade está a revelar-se cada vez maior, conforme assistimos a estranhos acontecimentos como o do assassino da Noruega ou os confrontos em Londres.
Quase que já estavamos habituados aos tiroteios e perseguições dignas de filme nos EUA, aos confrontos nas favelas do Rio de Janeiro, as convulsões do mundo árabe ou até a fome em África. Às vezes parece que nos tornamos insensíveis e que olhamos tudo isto como se estivesse longe, muito longe e não nos toca verdadeiramente. Lembro-me de ter ficado horrorizada com o 11 de Setembro em Nova Iorque, por pensar que se os invulneráveis EUA afinal tinham fragilidade,o que seria de nós. No entanto, só senti a ameaça como próxima quando se deram os atentados de 11 de Março em Madrid. Afinal era mesmo aqui ao lado!!!
Tudo isto para dizer que quando vejo a nossa velha Europa em convulsão como está agora, além de uma grande perplexidade por me escaparem muitos dos conhecimentos económicos que me permitiriam vislumbrar uma luz ao fundo do túnel (face à situação, devemos concluir que os governantes europeus e americanos foram todos muito maus gestores, a levar os países a caminho da bancarrota???), dizia eu, além desta perplexidade, assola-me a estupefação perante as convulsões sociais que parecem propagar-se.
Primeiro, num país aparentemente tão civilizado como a Noruega, o melhor país do mundo para se viver, segundo alguns estudos, um inteligente e louco psico ou sociopata faz uma matança absurda, de que parece orgulhar-se (e ainda admite ser avaliado por japoneses por estes valorizarem a honra?????!!!!!!!!!). Depois, pouco tempo volvido, na cosmopolita e multicultural Londres, estalam confrontos destrutivos com destruição gratuita de património e pilhagens selvagens, sem que se perceba muito bem o que os move - pelos vistos jovens (muito jovens, "children" chama-lhes a polícia inglesa) combinam locais de ataque nas redes sociais como forma de... darem largas a uma raiva contida, jovens que, segundo alguns comentadores, não têm nada a perder, mas também não têm nada por que lutar, jovens à deriva.
Perante tudo isto fico a pensar - onde vai parar a velha Europa? A Europa ferida no seu âmago por duas grandes guerras, a Europa que viu crescer, florescer e cair ditadores (Hitler, Mussolini, Franco, Salazar e outros),a Europa que foi dilacerada pela guerra fratricida da antiga Jugoslávia... Será a paz, na sua verdadeira acepção, uma utopia assim tão grande? E quando falo de paz, não falo apenas de ausência de guerra, falo de paz social, alguma harmonia, um pouco de Noruega pré sociopata assassino.
Quero ter esperança que sim, que esta Europa olhe para o passado, reflicta sobre ele, lide com o presente e construa um futuro melhor. Nós, europeus, somos povos com história, mas é bom que tenhamos também memória, para evitarmos que algumas partes negras da História não se repitam.

Termino com uma frase de Quino, através da sua incontornável Mafalda:

"Boa noite mundo! Boa noite e até amanhã, mas fique de olho! Tem muita gente irresponsável acordada, viu?"


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Blogs com talento

O talento é uma característica inata de cada um de nós. Cada um nascerá com o seu, mesmo que, às vezes, esteja mesmo mesmo escondido e nem o próprio ainda o tenha descoberto. Mas acredito que a cada indivíduo é concedido um dom, um talento.
Os blogs que apresento, de seguida, são de pessoas que, na minha perspectiva, descobriram os seus talentos e ousaram dar-lhes asas.

Ousem visitá-los!!
Thingies é um blog de talentos diversos de que se destacam verdadeiras obras de arte da costura que se traduzem em malas e bolsas. Um talento de uma portuguesa por terras do Tio Sam.



As Artes da Lucinha é um blog de talento também português que se traduz em pinturas magníficas, por uma quase autodidacta, que resolveu dedicar o seu tempo à aventura de pôr na tela o que vê, temperado com o que lhe vai na alma.


Vale a pena visitar!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Como a Sininho na Terra do Nunca

imagem in http://www.flickr.com/photos/42503421@N03/5286565190/

Há dias, há momentos em que me sinto como se deve sentir a Sininho na Terra do Nunca, quando o Peter Pan, por alguma razão, corre perigo, ou seja... a minha luz treme e esmorece um pouco... Hoje sinto-me assim.

Há dias em que os Meninos Perdidos se portam mal e a minha luz denota irritação, outros dias são de alegria e brincadeira e a minha luz brilha mais. Mas hoje há perigo no ar e a minha luz está assim, tremeluzente.

Há dias assim, em que precisamos de colo, porque nos sentimos impotentes face ao perigo... e a canção de Miguel Gameiro faz mais sentido...

Dá-me um abraço que seja forte

E me conforte a cada canto

Não digas nada que o nada é tanto

E eu não me importo

Dá-me um abraço fica por perto

Neste aperto tão pouco espaço

Não quero mais nada, só o silêncio

Do teu abraço

Já me perdi sem rumo certo

Já me venci pelo cansaço

E estando longe, estive tão perto

Do teu abraço

Dá-me um abraço que me desperte

E me aperte sem me apertar

Que eu já estou perto abre os teus braços

Quando eu chegar

É nesse abraço que eu descanso

Esse espaço que me sossega

E quando possas dá-me outro abraço

Só um não chega

quarta-feira, 2 de março de 2011

Há palavras que...


Há tantas e tantas palavras, na língua portuguesa e nas outras línguas... conforme as utilizamos as palavras ganham alma, ganham cor, ganham vida. Há palavras que dormem tranquilas no coração, que acariciam, outras há que servem para esgrimir, qual espada na mão de um espadachim, outras ainda viajam connosco ao longo dos anos para encontrarem o momento certo para serem proferidas...
Há palavras que enternecem e outras há que ferem fundo.
Há palavras que se saboreiam lenta e deliciosamente como uma mousse de chocolate cremosa, caseira e fresca.
Há palavras que nos conquistam para todo o sempre.

Eu amo as palavras e, por isso, utilizo-as com cautela.