Pois é, ora aí está uma situação inesperada. Eu sempre disse que nunca iria às Berlengas até que houvesse um helicóptero que me levasse lá, isto porque tenho uma certa fobia a barcos, acho que nasci sem barbatanas por alguma razão (embora tenha nascido sem asas e adore andar de avião!).
Eis senão quando me deu uma súbita vontade de aceitar o desafio de uma amiga de coração, que já me tinha desafiado imensas vezes, mas eu nunca tinha aceite. E assim, sem pensar muito no assunto, e num acto de coragem inesperado, lá dei por mim a caminho das Berlengas, numa pequena traineira com um grupo de amigos. Lá ia eu no "Senhor dos Mares".

Tudo muito bem, até sairmos da protecção da costa. Quando os mares se cruzam, eis que começa a agitação e, com a ajuda do vento, quase parecia a montanha russa, ou pelo menos foi o que o meu estômago achou. Já havia duas meninas a oferecer o conteúdo dos seus estômagos ao vento e ao mar, mas o meu estômago decidiu solidarizar-se e, pronto, o que eu temia aconteceu. Mais meia hora de caminho e lá aportámos às famosas Berlengas (mais concretamente à Berlenga Grande, já que Berlengas é um arquipélago).

Uma minúscula, mas bonita praia apareceu como um pequeno oásis. No entanto, os oásis costumam ter água quentinha, esta era bem geladinha, mas soube muito bem, é límpida e curiosamente pouco salgada.
Depois, com uma boleia de uma pequena lancha, voltámos a bordo para uma sardinhada comunitária. As sardinhas estavam magníficas, mas preferi conter-me, pois não sabia como o meu querido estômago se iria portar no regresso. Após o almoço, demos uma volta de lancha, com fundo de vidro (que dava direito a ver o magnífico fundo do mar).
Do mar, vimos a cabeça de elefante...

... o Forte de São João Baptista...

...outros lindos pormenores...


... passámos dentro de uma gruta, entrámos e saímos de outra e acabámos de novo no "Senhor dos Mares". Ao largo, esperava o "Cabo Avelar Pessoa" pelos viajantes que haviam decidido passar o dia na Berlenga...

E chegou a hora do regresso. Diziam-me que a viagem de regresso era mais fácil e, de facto, para mim foi, mas as minhas duas amigas que haviam enjoado na viagem de ida, voltaram a enjoar na volta. Enfim, como dizia, por alguma razão nascemos sem barbatanas. O barco ia cortando os mares, agora com o vento a favor, e as Berlengas iam ficando para trás...

... e o Cabo Carvoeiro, o magnífico Cabo Carvoeiro ia-se aproximando...

...um pouco depois, com o mar significativamente mais calmo, era possível avistar o Forte de Peniche...

...um bocadinho mais e chegámos a terra firme. A aventura acabou e com ela um dia diferente e especial, apesar dos enjôos.
Quando me deitei, a minha cabeça pensou, por momentos, que ainda estava no barco e ficou um bocadinho tonta, mas, depois, lá voltou ao normal e pude descansar de um dia de emoções. No entanto, antes de adormecer, ainda me ocorreu a frase "nunca digas nunca"...
Ah, e a ti, minha amiga, OBRIGADA, valeu a pena!... mas, para voltar, vai demorar um bocadinho! :)